O impacto da mídia sobre os padrões de beleza já é conhecido. Ela influencia na maneira que nos relacionamos com a própria imagem, sendo especialmente impactante em crianças e adolescentes, podendo levar estas pessoas a terem transtornos alimentares.
O transtorno alimentar é uma doença psicológica, na qual o indivíduo tem uma imagem negativa sobre si mesmo e uma preocupação excessiva com o peso e com a forma do corpo. Assim, usa de artifícios para diminuir peso, medidas e atingir o padrão de beleza que considera ideal.
Estudos recentes demonstram que mulheres jovens são as mais propensas a serem vítimas dessas doenças. Cerca de 5% delas apresenta algum tipo de transtorno alimentar. Isso porque os adolescentes estão em fase de desenvolvimento físico e psicológico, amadurecendo a concepção que têm do próprio corpo.
A sociedade atual pressiona, principalmente as mulheres, a terem o corpo perfeito, como nas revistas e nas páginas de Instagram. O resultado disso é o desenvolvimento de transtornos alimentares nessa fase do desenvolvimento.
Confira, a seguir, quais os principais transtornos alimentares.
Anorexia
É caracterizada pelo desejo excessivo pela magreza e associação da comida a algo ruim, tanto quanto uma tortura. A pessoa apresenta uma distorção da própria imagem, achando-se “gorda” e por isso passa a comer muito pouco ou nada, afim de perder peso.
Causas: a causa exata é desconhecida.
Sintomas: a alimentação, quando ocorre, é de forma monótona e ritualizada, além de ser baseada em comida de má qualidade (as “besteiras”, como doces e salgadinhos), em pouquíssimas quantidades.
Há perda de peso significante e atraso no desenvolvimento estrutural. De forma geral, de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – IV (DETM-IV), os principais sintomas são:
- Peso abaixo de 85% do mínimo para idade e altura;
- Medo de ganhar peso;
- Distúrbio no reconhecimento da aparência;
- Uso de laxantes, diuréticos e enemas;
- Excesso de atividade física;
- Indução de vômito.
Tratamento: é necessário acompanhamento médico, nutricional e psicológico do paciente, visando trazê-lo ao peso ideal de modo saudável.
Inclui também:
- Uso de antidepressivos;
- Psicoterapia;
- Terapia comportamental.
Bulimia nervosa
Adolescentes entre 16 e 20 anos são os mais afetados por este transtorno, sendo muito difícil de diagnosticá-lo.
A bulimia acontece quando o paciente apresenta episódios de compulsão alimentar, ou seja, come em excesso, e logo depois se arrepende e, para não ganhar peso, faz uma compensação através de indução de vômito, uso de laxantes e diuréticos, atividade física em excesso, entre outros.
Causa: a causa exata é desconhecida.
Sintomas: para ser diagnosticado com bulimia nervosa, o paciente deve apresentar episódios de compulsão e compensação duas vezes por semanas, por um período mínimo de três meses.
Além disso, o indivíduo pode apresentar:
- Uso exagerado de álcool e drogas;
- Uso de laxantes;
- Ansiedade;
- Alimentação excessiva;
- Pratica de exercícios físicos exageradamente;
- Vômito.
Tratamento: assim como para anorexia, é necessário que o paciente seja acompanhado por médicos, psicólogos e nutricionistas. O tratamento pode incluir:
- Uso de antidepressivos;
- Terapia com a família ou em grupo;
- Aconselhamento nutricional.
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Obesidade
Se as taxas persistirem, até 2022 haverá mais crianças e adolescentes obesos do que desnutridos.
Causa: a principal causa deste quadro é o aumento no consumo de alimentos altamente energéticos, mas com baixa qualidade nutricional, principalmente carboidratos processados, e também o sedentarismo.
Sintomas:
- Aumento de peso exacerbado;
- Má alimentação;
- Insônia crônica;
- Desequilíbrio hormonal.
Tratamento: além de uma demanda governamental para que se mudem as políticas sobre a venda e propaganda de alimentos ultraprocessados e calóricos, a nível individual, o paciente pode:
- Reduzir o tempo permitido em atividades de lazer sedentárias, como TV, computador, celular e videogames;
- Aumentar a participação em atividades físicas;
- Realizar uma reeducação alimentar.
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Compulsão alimentar
Este transtorno é definido como a ingestão de grande quantidade de alimento em um período curto, cerca de 2 horas. O indivíduo perde o controle sobre o que e quanto está comendo.
Sintomas: para ser diagnosticado com transtorno alimentar, o paciente deve ter tido episódios como o descrito acima por, pelo menos, dois dias na semana, durante seis meses, associado a comportamentos que evitam o ganho de peso.
Além disso, o paciente pode apresentar sintomas de:
- Angústia;
- Culpa;
- Depressão;
- Ganho de peso ou obesidade.
Tratamento: o tratamento para este transtorno é o mesmo que o de bulimia.
Vigorexia
Apesar de menos conhecido que os demais, esse transtorno vem sendo comum entre adolescentes, ainda mais entre os homens.
A vigorexia acontece quando o indivíduo tem distorção da própria imagem corporal, achando que está fraco e por isso quer sempre ganhar mais e mais músculos, mesmo já estando com o corpo bastante musculoso.
Sintomas: para que o corpo tenha cada vez mais músculos, os vigoréxicos utilizam vários meios para obtê-los, como:
- alimentação excessivamente regrada;
- excesso de consumo de suplementos, principalmente os proteicos;
- atividade física em excesso;
- uso de anabolizantes e outras medicações.
Os anabolizantes esteróides podem acarretar em graves problemas de saúde, como
- desenvolvimento de doenças coronarianas como hipertensão e aterosclerose;
- tumores hepáticos;
- hipertrofia prostática, hipogonadismo, problemas de ereção, atrofia testicular;
- alteração da voz;
- amenorréia em mulheres;
- ocorrência de acne;
- aumento da quantidade de pelos corporais.
Como esses anabolizantes são “viciantes”, ao interromper o uso o indivíduo pode ter alterações psiquiátricas como depressão, agressividade, surtos psicóticos, entre outros.
Tratamento: o tratamento é multidisciplinar, envolvendo médico, nutricionista, psicólogo, endocrinologista e educador físico. Esses profissionais devem orientar o paciente a suspender o uso de anabolizantes, realizar terapia cognitivo-comportamental, ajustar a dieta e treinos e receitar antidepressivos quando necessário.
Referências utilizadas neste conteúdo:
http://www.scielo.br/pdf/rpp/v31n1/17.pdf
http://www.adolescenciaesaude.com/detalhe_artigo.asp?id=545
http://www.blog.saude.gov.br/32365-pesquisa-da-usp-aponta-que-compulsao-alimentar-afeta-10-dos-adolescentes-no-brasil
https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5527:obesidade-entre-criancas-e-adolescentes-aumentou-dez-vezes-em-quatro-decadas-revela-novo-estudo-do-imperial-college-london-e-da-oms&Itemid=820
https://www.scielosp.org/article/rbepid/2010.v13n1/163-171/pt/
https://jornal.usp.br/atualidades/transtorno-alimentar-e-decorrente-de-mau-uso-de-insulina/
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