O ditado “melhor prevenir do que remediar” nunca fez tanto sentido. Os exames laboratoriais preventivos – famosos “chek-ups” – são a principal forma de manter a saúde em dia e detectar doenças quando ainda estão em fase inicial, oferecendo, portanto, melhores potenciais de tratamento.
No entanto, as mulheres têm deixado essa prática fundamental da medicina cada vez mais de lado. Ao menos é o que indica os dados da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, de 2018, os quias mostram que 52% das brasileiras não realizam os exames preventivos.
Em entrevista, cerca de 20% das mulheres declararam não fazerem os exames porque não os consideram necessários. Contudo, estudos mostram justamente o contrário: os preventivos podem reduzir em até 80% a incidência de diversas doenças, tal como o câncer de colo de útero.
Segundo a oncologista e participante do conselho científico da Associação Amigas da Mama, Doutora Ana Paula Dergham (CRM-PR 22908), a parte mais difícil na prevenção dos cânceres femininos é justamente o convencimento da mulher a fazer os exames.
Abaixo, segue a lista dos exames de rotina, a periodicidade com que devem ser feitos e a partir de qual idade devem ser feitos:
Exames ginecológicos
Nome do exame | Para que serve | Quando fazer | Regularidade |
---|---|---|---|
Papnicolau | Previne o câncer de colo de útero, infeções por fungos, herpes, verrugas, doenças vaginais. O câncer de colo de útero, por ano, faz cerca de 5.430 vítimas, sendo um dos que mais acomete Mulheres de acordo com o Inca. | A partir do Momento em que é iniciada a vida sexual | 1 vez no ano |
Colposcopia | Detecta doenças sexualmente transmissíveis | Uma vez a cada dois anos | 1 vez no ano |
Rastreamento infeccioso | Detecta doenças sexualmente transmissíveis. É um exame de sangue. | A partir do momento em que a vida sexual é iniciada | 1 vez no ano ou 1 vez a cada 2 ou 3 anos, dependendo da vida sexual da pessoa |
Ultrassom Transvaginal | Detecta cistos no ovários, miomas, endometriose e tumores. Os cistos nos ovários, conforme indicam pesquisas, sãoas com menor taxa de mortalidade. Mas, ao mesmo tempo, são os mais difíceis de serem tratados. | Quando a ginecologista pedir | 1 vez a cada ano |
Mamografia | Detecta o câncer de mama. Este tipo é o que mais mata mulheres, fazendo 12 mil vítimas a cada 100 mil mulheres. | A partir de 40 anos. Para quem tem histórico familiar de câncer a partir dos 35 anos | 1 vez no ano |
Ultrassom das mamas | Identifica cistos, nódulos e tumores | A partir de 40 anos | 1 vez no ano ou conforme a recomendação ginecológica |
Histerossalpingografia: | Permite observar o colo de útero e as trompas, analisando possíveis causas de infertilidade | Quando a mulher tem problemas para ter filhos ou para analisar possíveis causas de endometriose | 1 vez na semana |
Exames de rotina
Nome do exame | Para que serve | Quando fazer | Regularidade |
---|---|---|---|
Ultrassom da tireoide | Detecta nódulos e irregularidade na produção hormonal. | A cada dois anos ou se apresentar sintomas de irregularidade hormonal | Conforme a indicação médica |
Densitrometria Óssea | Avalia a densidade dos ossos, constatando se há indícios de osteoporose. Estudos revelam que, durante a menopausa, mulheres tem chances de 3 a 5 vezes maiores de ter uma fratura óssea. | A partir da menopausa | Uma vez no ano |
Hemograma completo | Analisa as condições gerais do organismo, identificado as condições gerais de saúde do corpo. | Uma vez no ano | Uma vez no ano |
Exame de urina e fezes | Avalia se há problemas infeciosos na urina e nas fezes | Conforme a orientação médica ou se houver sintomas | Uma vez a cada dois anos |
Odontológico | Avalia a saúde geral dos dentes e da boca | Desde criança | A cada 6 meses, ao menos, para fazer uma limpeza |
Exagero de exames não te deixa mais saudável
Na contramão da onda preventiva, o diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMF), Rodrigo Lima, em entrevista à Folha de São Paulo, está produzindo uma análise que avalia a efetividade dos chek-ups de rotina.
Em parceria com o médico, a rede global Cochrane revisou mais de 14 pesquisas, com um total de 182.880 participantes, concluindo que os exames preventivos não reduzem a mortalidade, nem a evolução de doenças. Às vezes, inclusive, fazem com que a pessoa trate condições que nem eram perigosas, assumindo riscos desnecessários.
Além disso, quem abusa dos exames preventivos, segundo os pesquisadores, também tem mais chances de relaxar na saúde, por acreditar estar seguro.
No fim das contas, a recomendação dos médicos como um todo é ter bom senso, e manter os exames de rotina de acordo com as indicações das associações, mas sem exageros! Ademais, não se deve deixar as outras atitudes preventivas de lado, como os exercícios, a qualidade de vida e a alimentação saudável.
Referências utilizadas neste conteúdo:
SOCIEDAD MEXICANA DE ONCOLOGIA. Cáncer de ovário. Disponível em: http://www.gamo-smeo.com/temp/SUPLEMENTO%20V4%20No%203%202005%20GUIAS%20NCCN.pdf#page=136
REVISTA BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA. Osteoporose em mulheres na pós-menopausa. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0482-50042004000600006
SECRETARIA DA SAÚDE DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Protocolos clínicos dos exames laboratoriais. Disponível em: http://www.uberaba.mg.gov.br/portal/acervo/saude/arquivos/oficina_10/protocolos_exames_laboratoriais.pdf
FOLHA DE SÃO PAULO. Pesquisa mostra que check-up de rotina não evita mortalidade. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2017/03/1870830-pesquisa-mostra-que-check-up-de-rotina-nao-evita-mortalidade.shtml
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