Alzheimer – Tem cura? Sintomas, Tratamentos, Causas, Convívio e Prevenção

Confira aqui um guia completo sobre o Alzheimer: histórias de como começou a doença em pacientes e orientação médica sobre o tratamento e prevenção.

O Alzheimer é uma doença neuro-degenerativa, conhecida pelo esquecimento. No entanto, este tipo de demência, que é a mais comum no mundo, representa muito mais do que a perda de memória: ela diminui a qualidade e a expectativa de vida, sendo capaz de mudar a personalidade de uma pessoa.

No mundo, são mais de 44 milhões de diagnosticados, sendo que o Brasil abriga 1 milhão de pessoas que convivem com a demência¹. Um dos fatores de risco, conforme explica a Dra. Thereza Winckler, é o baixo nível de escolaridade, o qual influencia na propensão ao desenvolvimento da doença.

A doutora refere-se a uma pesquisa publicada pela revista Brain², que comprova que quanto maior o nível de escolaridade, menor o risco de uma pessoa sofrer de demência. Ironicamente, a médica comenta que, no Brasil, os representantes “esquecem” de investir em educação, dificultando a prevenção do Alzheimer, justamente em uma população em constante envelhecimento.

sintomas do alzheimer

Sintomas

Os sintomas do Alzheimer mudam conforme a fase em que ele se encontra. Na fase inicial, o mais perceptível é a perda de memória recente. Também, podem ser percebidos:

  • Problemas de fala (esquecer palavras, por exemplo);
  • Não saber a hora ou o dia da semana;
  • Perder-se em locais familiares;
  • Desmotivação;
  • Mudança de humor repentina;
  • Ansiedade constante;
  • Agressividade;
  • Perda de interesse em atividades;
  • Depressão.

No caso de Marlene Coutinho, diagnosticada com Alzheimer há oito anos, a mudança começou sutilmente. Os familiares mais próximos já haviam notado algumas confusões. No entanto, o alerta surgiu quando ela começou a cozinhar sem tirar a embalagem dos alimentos.

Em entrevista, outros pacientes comentam sobre coisas que notaram em seus familiares doentes: “esquecer de dar um telefonema”, “não saber qual botão apertar para ir à garagem do prédio”, “confundir qual remédio serve para que” e “não saber como fazer para voltar para casa”.

Ao notar qualquer um destes sintomas, é recomendado ir ao médico, para conferir se a origem é o Alzheimer ou outras doenças que podem ocasionar pequenos graus de demência.

Sintomas no estágio intermediário

O Alzheimer pode ser dividido em três fases, sendo que para cada uma delas há sintomas específicos. Conforme a doença progride, eles tornam-se mais severos e podem ocasionar:

  • Esquecimento de parentes próximos;
  • Incapacidade de realizar algumas funções, como pagar contas ou trabalhar;
  • Dificuldade para falar;
  • Perder-se, mesmo dentro de casa;
  • Dificuldade de higienização pessoal;
  • Insegurança e ansiedade constante;
  • Agressividade, devido à confusão mental;
  • Alucinações.

Sintomas no estágio avançado

  • Dificuldades para alimentar-se;
  • Incapacidade de comunicar-se;
  • Dificuldade na compreensão de fatos;
  • Dificuldade de caminhar;
  • Incontinência urinária;
  • Não reconhecimento de parentes, amigos e objetos.

Caso tenha ficado com dúvidas, confira a lista completa de sintomas do Alzheimer. 

Quando o lapso de memória torna-se um problema?

Quem nunca esqueceu as chaves do carro ou esqueceu do aniversário de um parente próximo que atire a primeira pedra. Estes lapsos de memória são comuns e não necessariamente denotam o início da demência em idosos. Mas, é preciso ficar atento quando eles começam a dificultar o cotidiano ou o trabalho.

Pessoas com Alzheimer costumeiramente repetem afirmações e perguntas, esquecem-se de conversas, perdem-se em lugares conhecidos e têm uma dificuldade além do normal de lembrar palavras ou participar de conversas. Estar atento sobre a doença é importante para que o próprio paciente reconheça os sintomas e consiga perceber quando é hora de procurar um especialista.

Mudanças no comportamento e na personalidade

Com anos de experiência cuidando de idosos, a enfermeira Sibila Wagner, dona do lar de idosos Sol Poente, em Pinhais/PR, mostra que o relacionamento familiar é o principal problema na vida do doente. Devido à confusão mental, os enfermos podem tornar-se agressivos, enfrentarem familiares e terem um comportamento anormal. “Nem todo mundo vai saber como reagir a estas mudanças de personalidade. Há famílias que entram em depressão também por conta disso”, conta.

O pesquisador genealógico Gabriel Callegari explica que sua avó, Marlene, passou, em pouquíssimos anos, de “fortaleza da família”, para uma senhora frágil, presa em uma cadeira de rodas. Antigamente, articulada e conversadeira, era difícil parar quieta. No entanto, o Alzheimer, somado à amputação das pernas, por conta da diabetes, reduziu seus afazeres a contar os trens que passam a 10 metros de sua casa, em Morretes, no Paraná.

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O passatempo de Marlene Coutinho, de 84 anos, é contar os trens que passam em frente à sua casa, em Morretes/PR. Foto: Gabriel Callegari

Alzheimer precoce

Não existe uma idade exata para o desenvolvimento de Alzheimer. No entanto, pesquisas do Ministério da Saúde (4) mostram que a demência atinge cerca de 30% da população brasileira acima dos 80 anos. Em todo o mundo, o Alzheimer afeta uma a cada oito pessoas com mais de 65 anos.

Alzheimer tem cura?

A cura do Alzheimer ainda é desconhecida pela ciência, de modo que o diagnóstico precoce e o tratamento dos sintomas são a única forma de tratamento.

As últimas pesquisas sobre o assunto foram feitas por pesquisadores do Cleveland Clinic Lerner Research Institute, nos Estados Unidos (5), as quais apontaram para a falta de uma enzima chamada BACE1, que diminui as placas amiloides do cérebro, minimizando o Alzheimer. Acredita-se, até então, que a quantidade anormal desta enzima cria placas de amiloides, que dificultam as sinapses neuronais, levando ao quadro de demência e aos sintomas já conhecidos do Alzheimer.

Há esperança de que medicações que diminuam a formação destas placas consigam reverter e até curar os doentes. No entanto, o problema é que as drogas já existentes, que inibem esta enzima, ainda são muito perigosas, já que o BACE1 tem funções positivas. Remédios experimentais mostraram muitos danos ao sistema nervoso, conforme atestado em testes feitos em camundongos.

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Diagnóstico

O diagnóstico do Alzheimer deve ser feito por um neurologista, por meio da análise dos sintomas e exames de imagem, que possam identificar o surgimento de outras doenças ocasionadas pela demência.

A doutora Winckler explica que os exames de imagem servem mais para identificar se o quadro de demência não está sendo gerado por outros problemas, como a hipertensão arterial ou a depressão.

Tratamento

A partir do diagnóstico da doença, o tratamento é muito semelhante para todos os pacientes.  Os remédios disponíveis atualmente não impedem o avanço da doença, somente controlam os sintomas, principalmente os transtornos de comportamento.

Para quem está no estágio inicial, há possibilidade de retardar o avanço, aplicando algumas mudanças no dia a dia: fazer atividades cognitivas (ler, estudar, praticar exercícios cerebrais), ter um hobby e criar rotinas são algumas das recomendações médicas.

Remédios 

Para controlar a confusão e a agressividade, são usados remédios neurolépticos ou antidepressivos. Já o déficit de memória, geralmente, é controlado com o uso de galantamina ou rivastigmina e outras drogas semelhantes. No entanto, a medicação não resolve todos os casos, podendo ser contraindicada para certas especificidades do paciente.

Tratamento pelo SUS 

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece remédios gratuitos, por meio do Programa Medicamentos Excepcionais, bem como faz a orientação e o acompanhamento dos doentes. Mesmo pacientes que possuem planos de saúde conseguem retirar a medicação nos postos de atendimento.

Para a Dra Winckler, o problema é a demora no atendimento e diagnóstico da doença. Segundo ela, quem precisa fazer exames específicos acaba ficando até um ano na fila de espera, tempo suficiente para que a demência progrida. Além disso, ela também critica a diminuição da contratação de especialistas pelo SUS, de modo a precarizar o atendimento aos doentes e dificultar o diagnóstico de doenças específicas em todas as áreas, para além da neurológica.

Como cuidar de alguém com Alzheimer?

A principal dificuldade após o diagnóstico, segundo os médicos e terapeutas, é o relacionamento familiar, pois é difícil estar preparado para suprir as necessidades de alguém que sempre foi independente.

A enfermeira Sibila adverte que “um minuto de desatenção é o suficiente para acontecer alguma coisa. Dependendo do caso, é preciso atenção 24 horas por dia”. Ela cita alguns exemplos que já presenciou: colocar a antena do rádio na tomada, usar iogurte no corpo, ao achar que era creme hidratante, ou banhar-se com óleo de cozinha. Com uma pessoa tão imprevisível em casa, uma solução é valer-se do lar de idosos, no qual terá uma equipe preparada para qualquer eventualidade.

Prevenção

Ainda não foi determinada qual é a causa do Alzheimer, no entanto, sabe-se quais são os fatores de risco para o desenvolvimento. A Dr. Winckler pontua os principais: a hipertensão, o tabagismo e a obesidade. Pesquisas (6) ainda indicam que diabetes tipo 1 e tipo 2 e depressão também podem acelerar a manifestação de demências.

Manter atividade cerebral e hábitos de vida saudáveis também são boas atitudes. Praticar 30 minutos de exercício por dia, ter hobbys, adotar dietas saudáveis, praticar jogos de estratégia, manter a pressão arterial controlada e o peso dentro da normalidade são algumas opções. Veja algumas dicas no conteúdo sobre como envelhecer bem. 

O nível de escolaridade, conforme indica o gráfico, também tem relação direta com a chance de desenvolvimento da doença. Por isso, quanto mais a pessoa estudar durante a vida, menores serão as probabilidades de sofrer de demência, quando chegar à terceira idade.


Referências utilizadas neste conteúdo:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALZHEIMER. Alzheimer e demência. Disponível em < https://www.alz.org/br/demencia-alzheimer-brasil.asp>

ESTADÃO (2017). Maior nível de escolaridade protege cérebro contra sintomas da demência. Disponível em < https://ciencia.estadao.com.br/noticias/geral,maior-nivel-de-escolaridade-protege-cerebro-contra-sintomas-de-demencia-imp-,586480

MINISTÉRIO DA SAÚDE (2013). Prêmio de Incentivo em Ciência e tecnologia para o SUS. Disponível em < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/premio_incentivo_ciencia_tecnologia_2013.pdf>

CLEVELAND CLINIC. Reversal of Alzheimer's inMouse Model Boosts BACE1 Inhibitor's Prospects in Humans. Disponível em < https://consultqd.clevelandclinic.org/reversal-of-alzheimers-in-mouse-model-boosts-bace1-inhibitors-prospects-in-humans/>

BOLETIM DO INSTITUTO DE SAÚDE (2009) Envelhecimento, atividade física e saúde. Disponível em < http://periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-18122009000200020&lng=es&nrm=iso&tlng=es>

FERRARI, Alessandro; FOLGATO, Marisa. Alzheimer: a doença e seus cuidados. Disponível em < https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=>


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Um Comentário

  1. Ines

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