O câncer de mama é o que mais afeta as mulheres, ocorrendo por conta da multiplicação de células cancerosas, sem uma causa aparente. O tumor que se forma é quase assintomático, apesar de poder ser identificado por meio do toque.
O silêncio da doença é um dos fatores que a torna tão perigosa, levando ao óbito 12 mil a cada 100 mil mulheres todos os anos, segundo dados do Instituo Nacional do Câncer (Inca)¹.
O Quero Viver Bem conversou com a Oncologista e participante do conselho científico da Associação Amigas da Mama, Doutora Ana Paula Dergham (CRM-PR 22908 | RQE 2397), e compilou, aqui, as principais informações sobre a doença, desde o diagnóstico até o tratamento.
10 Sintomas do câncer de mama
Deve-se suspeitar do câncer, caso seja apresentado um ou mais sintomas listados abaixo:
- Liberação de líquido do mamilo;
- Veias saltadas no seio;
- Vermelhidão, inchaço, calor ou dor nas mamas;
- Alteração na coloração ou forma dos mamilos;
- Formação de crostas no mamilo;
- Coceira frequente nos seios;
- Endurecimento da mama;
- Inchaço abaixo das axilas;
- Nódulo indolor no seios;
- Sulcos na mama.
Como fazer o autoexame da mama
O autoexame é uma das técnicas mais recomendadas por oncologistas e ginecologistas, pois faz a mulher identificar sozinha possíveis alterações características do câncer de mama. O toque, no entanto, não substitui a mamografia, exame que deve ser feito todos os anos entre as mulheres a partir dos 40 anos ou, às vezes, até antes, para aquelas que possuem histórico de câncer na família.
Veja, abaixo, como fazer o autoexame das mamas em casa:
- Posicione-se em frente ao espelho;
- Observe possíveis alterações no formato dos seios;
- Coloque a mão na cintura e faça força, conferindo se há alterações na forma dos seios;
- Coloque as mãos atrás da cabeça e observe o tamanho, a posição e a forma dos mamilos, pressionando-os levemente;
- Confira se há saída de secreção;
- Examine com as mãos as duas mamas, procurando por anomalias, como nódulos.
O diagnóstico
O diagnóstico do câncer deve ser feito por um médico oncologista, mastologista ou ginecologista, por meio da mamografia e/ou do ultrassom. Com a análise das imagens, será possível identificar se há presença de nódulos.
Mas, calma! Não é qualquer nódulo que pode ser considerado princípio de câncer. Para tirar a prova, ainda é preciso fazer outros testes, como biópsias ou exames de imagem mais complexos, para confirmar a possibilidade.
A Dra. Ana Paula Dargham comenta que a principal dificuldade no tratamento do câncer ainda é o convencimento da mulher a fazer os exames preventivos, afinal, quanto antes o caso é descoberto, maior é a facilidade do tratamento.
A ex-paciente Rosane Fiala lembra-se até hoje do dia em que recebeu o diagnóstico: “o médico disse que eu iria para a cirurgia. Se colocassem o dreno, é porque estava com o câncer. Eu acordei e vi o dreno. Me desabei a chorar. Nada me consolava. Pensava nos meus filhos, desesperada, achando que ia morrer”, conta. Hoje, já tratada, a paciente conta que é importante manter a calma, em todas as etapas, porque influencia muito no tratamento.
Fatores de Risco
Apesar de não se saber ao certo quais são as causas do câncer de mama, a medicina já conhece quais são os principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença. Segundo o Instituto Nacional do Câncer são eles:
- Ter mais de 50 anos;
- Ter tido qualquer tipo de câncer;
- Possuir histórico familiar da doença;
- Levar uma vida sedentária;
- Sofrer de excesso de peso;
- Ter a imunidade baixa;
- Entrar na menopausa tardia (após os 55 anos);
- Usar reposição hormonal;
- Expor-se à radiação;
- Fumar.
A menopausa influencia?
Estudos da Universidades de Cambridge e Exeter² indicam que a idade da menopausa tem influência no risco de desenvolvimento do câncer de mama, já que foi constatado que as mulheres que pararam de menstruar antes dos 40 anos possuem menor propensão ao câncer de mama. Por outro lado, elas estão mais suscetíveis à osteoporose e diabetes. Na prática, a cada ano que a menopausa demora para vir, o risco de tumores mamários aumenta em 6%, conforme demonstra a pesquisa.
A relação, segundo os pesquisadores, se dá pelo tempo em que a mulher permanece exposta ao estrogênio. As descobertas, no entanto, ainda são insuficientes para determinar uma possível causa do câncer de mama.
Outros fatores correlacionados com a menopausa também aumentam a vulnerabilidade da mulher ao câncer, tal como o uso indevido da reposição hormonal. De acordo com a Dra. Ana Paula, esse procedimento que esteve na moda durante a década de 1990, por aliviar os principais sintomas da menopausa, teve de ser contido, ao descobrir-se que aumentava consideravelmente o risco de câncer. Desde então, o uso só deve ser recomendado depois de analisar muito bem a condição de cada mulher.
A Doutora ainda evidencia um terceiro fator da menopausa com o qual as mulheres devem ter cuidado: o sobrepeso. Pesquisas do Inca³ já comprovaram que gordura acumulada e sedentarismo durante a menopausa aumentam a incidência de câncer de mama.
[CONFIRA TAMBÉM: como controlar o peso durante a menopausa]
Anticoncepcional pode causar câncer de mama?
Os estudos ainda são muito controversos em relação ao assunto. Conforme as diretrizes da Organização Mundial da Saúde4, ainda não está muito claro como o anticoncepcional interfere na saúde da mulher. As pesquisas referenciadas pela organização demonstram que as mulheres que o tomam regularmente por mais de 10 anos possuem menor risco de câncer de mama do que aquelas que nunca usaram contraceptivos orais.
No entanto, as mesmas mulheres que utilizaram anticoncepcionais orais por 10 anos consecutivos tinham uma chance ligeiramente maior de serem diagnosticadas com qualquer câncer feminino: tanto o de mama, como o de útero ou ovário.
Enquanto isso, outras pesquisas5 alegam que o uso de anticoncepcionais não tem relação alguma com o desenvolvimento de câncer de mama. Desse modo, as conclusões apresentadas até o momento são insuficientes para determinar a influência dessas drogas no organismo feminino. Por conta disso, as mulheres que possuem fatores de risco ou histórico familiar de câncer na família têm uma recomendação maior para usar anticoncepcionais de origem natural.
Tratamento
Segundo a Doutora Ana Paula, o tratamento do câncer de mama consiste, hoje, em um combo de três vertentes:
- Cirurgia: para retirada do tumor;
- Radioterapia ou Quimioterapia: para redução do tumor e impedimento de que se espalhe;
- Bloqueio hormonal: quando há interferência do hormônio no tratamento;
- Drogas Alvo: remédios que bloqueiam as proteínas que auxiliam no desenvolvimento do câncer;
Cada caso deve ser tratado separadamente, já que a cirurgia de retirada da mama nem sempre é necessária.
Cirurgia de retirada da mama
A retirada da mama (mastectomia) parcial ou total só é necessária nos casos em que o uso de remédios não será o suficiente para conter o crescimento tumoral. A necessidade deverá ser avaliada pelo mastologista ou oncologista que está tratando do caso.
Atualmente, o procedimento de retirada da mama é feito em parceria com oncologista e cirurgião plástico, esse que deverá aproveitar a abertura da mama para incluir a prótese de substituição.
Ivonete Nogueira fez a cirurgia no Sistema Único de Saúde antes da aprovação da nova regra, desde então, tem de viver com somente um seio. A marca, apesar de influenciar na sua autoestima, não é o suficiente para lhe tirar a alegria de ter sobrevivido ao caso.
Rosane Fiala também vê na marca de sua cirurgia algo muito pequeno perto do medo que passou de deixar seus filhos: “hoje, eu vejo uma falha na sobrancelha, uma cicatriz, eu vejo tudo o que uma mulher não espera. Mas, na verdade, estou muito orgulhosa dessa fase, porque sabe, as pessoas vão gostar de você, mesmo assim”, relata emocionada.
Prevenção
A prevenção do câncer de mama consiste nas seguintes recomendações:
- Consumir fibras com regularidade;
- Fazer exames preventivos todos os anos;
- Controlar o peso;
- Evitar excesso de álcool e tabaco;
- Praticar atividades físicas regulares.
Tem alguma dúvida ou história sobre o câncer de mama? Deixe nos comentários, pois a sua contribuição pode ajudar outras pessoas a entenderem melhor sobre esse tema tão relevante.
Referências utilizadas neste conteúdo:
¹ INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Síntese de resultados sobre o câncer de mama. Disponível em: http://www.inca.gov.br/estimativa/2018/sintese-de-resultados-comentarios.asp
² UNIVERSIDADE DE CAMBRIDGE. Maintaining healthy DNA delays menopause. Disponível em: https://www.cam.ac.uk/research/news/maintaining-healthy-dna-delays-menopause
³ INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Excesso de Peso em Mulheres com Diagnóstico de Câncer de
Mama em Hormonioterapia com Tamoxifeno. Disponível em: http://www.inca.gov.br/rbc/n_59/v02/pdf/07-excesso-de-peso-em-mulheres-com-diagnostico-de-cancer-de-mama-em-hormonioterapia-com-tamoxifeno.pdf
4 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Panejamento familiar: um manual para os profissionais de saúde. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/44028/9780978856304_por.pdf;jsessionid=C5FF73AA92153CC203A98A81F6C0C970?sequence=6
5 DEPARTAMENTO MATERNO-INFANTIL DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS. Contraceptivos orais e câncer de mama: estudos de casos e controles. Disponível em: https://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102001000100005
INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Fatores de risco do câncer de mama. Disponível em: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/mama/fatores_de_risco_1
Ajude a melhorar ainda mais o site, avalie:
Sua avaliação servirá para que tenhamos uma noção da qualidade dos nossos conteúdos. Além de marcar a quantidade de estrelas que esse conteúdo merece, não esqueça de deixar seu comentário.